(artigo inserido no suplemento do Jornal da moita em 26/06)
Segundo estatísticas recentes, na área Metropolitana de Lisboa, os nove concelhos da margem sul do Tejo concentram cerca de 29% da oferta de habitação usada, com os valores médios de oferta limitados pelo intervalo de 900 €/m2 a 1.410 €/m2. De entre estes concelhos, a Moita concentra cerca de 1% da oferta de habitação usada e o valor mais baixo de venda por m2 que ronda os 900 €.
Um traço que distingue a oferta de habitações usadas face à oferta de novas é a preponderância de tipologias mais pequenas. Ao contrário do que sucede com a oferta de fogos novos, na qual predominam os apartamentos T3, entre a oferta de habitações usadas a tipologia mais corrente é os apartamentos T2. Esta tipologia, em conjunto com os apartamentos T1 ou inferior, representa 54% de toda a oferta de fogos usados, em forte contraste com o peso de 37% que têm no mercado de casas novas. Pelo contrário, as moradias V4 ou superior têm um peso na oferta de usados que corresponde a metade do registado no segmento de fogos novos. Este comportamento do mercado deve-se, em grande medida, à maior rotação das tipologias mais pequenas, que retornam ao mercado mais frequentemente, isto é, quem opta por comprar uma casa mais pequena, mais rapidamente opta por mudar de casa e comprar uma de tamanho superior.
No conjunto das diversas tipologias, a Moita é o concelho onde existe a menor oferta e também onde se praticam preços mais baixos por m2.
A relação procura / oferta / preço é determinada pela qualidade de vida disponibilizada aos munícipes e aos que demandam o concelho para aqui fixarem residência. Dificuldade nos acessos, falta de equipamentos a diversos níveis, como sejam os culturais (museus, bibliotecas) os desportivos (ausência de piscinas e de estádio na sede do Concelho e na freguesia mais populosa, a Baixa da Banheira) más soluções urbanísticas e ambientais, com a destruição das margens do rio e a degradação do ambiente (inexistência de ETAR). A juntar a tudo isto, também a qualidade da habitação colocada no mercado, nova ou usada.
Na hora de optar por comprar casa nova e escolher o local de residência, cada vez mais se procura qualidade. Qualidade de vida no exterior, mas também qualidade no interior dos edifícios, desde a preocupação com os acabamentos ao desempenho energético dos edifícios, tendo em conta as condições climáticas externas e as condições locais, bem como as exigências em matéria de clima interior e a rentabilidade na manutenção.
Conscientes destas limitações, os empresários do sector que apostam em oferecer melhor qualidade aos compradores têm que efectuar um esforço ainda maior para vencer no mercado concorrencial dos concelhos limítrofes.
A par deste esforço, a Câmara Municipal tem que apostar de uma vez por todas em acções concretas que levem à recuperação e reconversão dos centros urbanos. Assistimos hoje à degradação urbanística dos centros urbanos, sem que seja delineada uma verdadeira política de reconversão das habitações antigas e a necessitar de renovação. O desrespeito pelos centros históricos é evidente. É o que falta na Moita: Uma política urbanística centrada nas pessoas.