quarta-feira, janeiro 31, 2007

Escola Secundária da Moita

Teresa Almeida - Governadora do Distrito de Setúbal em entrevista ao ROSTOS
http://www.rostos.pt/paginas/inicio2.asp?jornal=18&revista=5&cronica=80686&mostra=2
revela:
"investimentos que irão ser concretizados no ano 2007, no Distrito de Setúbal, nomeadamente, a construção das escolas no Litoral Alentejano será substituída a Escola Secundária de Alcácer do Sal e a Escola EB 2-3 de Aveiga, na Península de Setúbal, a Escola Básica 2-3 Luisa Todi, em Setúbal; Escola Básica 2-3 Nuno Álvares, no Seixal; Escola Secundária da Moita.

domingo, janeiro 28, 2007

Ainda do Público

Uma semana não chegou para a câmara responder

As matérias tratadas nestas páginas, em particular as condições em que a moradia da Montiterras foi aprovada pelo presidente da câmara e as alterações ao PDM previs­tas para o local em que ela se situa, foram objecto de um pedido de esclarecimento dirigido a João Lobo na noite do passado domingo para segunda-feira. Trata­va-se de um conjunto de 24 perguntas escritas, entre as quais foram seleccionadas as 12 que o PÚBLICO julgou mais importantes, depois de o chefe de gabinete do autarca ter comunicado, na quarta-feira, que as respos­tas seriam dadas "dentro das disponibilidades dos serviços", mas não nos pra­zos solicitados. Apesar des­se encurtamento, nenhuma daquelas perguntas obteve resposta até agora.

Um licenciamento muito excepcional

Um licenciamento muio excepcional

Excesso de área foi ignorado pelo então vice-presidente.
Piscina está ilegal.
Técnico municipal fez projecto


O projecto de arquitectura apresentado pela Montiterras para a moradia do Penteado, em Fevereiro de 2000, foi aprovado em 29 dias, apesar das objecções dos serviços, e a licença de construção foi deferida 43 dias depois. Tudo isto com a assinatura do então vice-presidente e actual pre­sidente da Câmara da Moita, João Lobo.
O projecto era tudo menos banal, tanto mais que incidia sobre uma área exterior ao pe­rímetro urbano, para a qual não estava aprovado nenhum loteamento, e apresentava uma área de construção su­perior em 39 m2 ao máximo de 400 m2 permitido pelo PDM. O primeiro despacho de João Lobo, datado de 13 de Março, mandava o processo para trás, para serem corri­gidos dois aspectos menores apontados no parecer dos seus serviços, mas nada dizia sobre o excesso de área.
Mesmo assim, sem explica­ções, ou quaisquer pareceres em que se apoiasse, o autarca revogou dois dias depois es­se seu despacho e deferiu o projecto, admitindo que as correcções exigidas fossem apresentadas posteriormen­te. Subscrito pelo arquitecto António Dores, que fazia parte dos quadros da vizinha Câmara do Montijo, onde exercera cargos dirigentes até 1998, quando o PCP ali tinha a maioria, o projecto contemplava oito quartos, várias salas de estar e de serviço, escritório, diversas casas de banho, um pátio central coberto e uma zona de convívio, distribuídos por dois pisos acima do solo e uma cave.
No dia 17 de Abril, Emídio Catum requereu a licença de construção antes de ter entre­gue a totalidade dos projectos de especialidade e justificou o pedido com "o facto de se encontrarem contratadas as equipas de execução da obra, pelo que o retardamento do início dos trabalhos provo­cará prejuízos de difícil re­paração para o requerente". Nesse mesmo dia, sem qual­quer parecer dos serviços, João Lobo deferiu o pedido, sendo a licença emitida a 27 e as obras iniciadas de imedia­to, mediante a apresentação do alvará do construtor e da apólice de seguro passados em nome da Montiterras.
Em Maio do ano seguinte, quando a empresa pediu a prorrogação da licença, um fiscal da câmara detectou vários situàções de incumpri­mento do projecto aprovado, incluindo a construção de uma piscina não licenciada. A informação do técnico, po­rém, foi ignorada e não mere­ceu qualquer despacho, como era obrigatório, por parte dos seus superiores.

Obra "em conformidade"
Nessa altura já Emídio Catum tinha entregue os projectos de alterações, também assi­nados por António Dores, ­mas estes, aprovados pouco depois, ignoravam a piscina em construção. Com a obra acabada desde Outubro de 2001, a licença de utilização foi requerida em Fevereiro de 2002, informando o mes­mo fiscal que "a obra estáconcluída em conformidade com o projecto de alterações" e esquecendo a piscina.
Por razões que o processo não esclarece, as telas finais (projectos em que consta exac­tamente aquilo que foi cons­truído) só foram apresentadas dois anos depois, tendo parte delas a assinatura de António Dores, então já requisitado à Câmara do Montijo e ao ser­viço do município da Moita, e por isso legalmente impedido de ali apresentar projectos. Segundo o próprio, que não esclarece a data em que foi para a Moita, essas telas, embora entregues pela Mon­titerras muito mais tarde, foram feitos por ele quando ainda estava no Montijo.
Seja como for, o fiscal in­formou em Abril de 2004 que estava tudo bem com as telas' finais, omitindo mais uma vez a piscina. E no mesmo dia, o responsável pela fis­calização de obras particu­lares, António Dores, propôs o deferimento da licença de utilização, coisa que aconte­ceu logo a seguir. A título de comparação, outro pedido de licenciamento da construção de uma moradia, entregue em Março de 2000 na Câmara da Moita e consultado ao acaso pelo PÚBLICO, levou dez meses a ser deferido. Acres­ce que, neste caso, em que arquitecturã só por si levou, três meses para ser aprova­da por João Lobo, a moradia correspondia a um projecto­tipo previamente aprovado no quadro do loteamento em que se inseria, em Sarilhos Pequenos.

Protocolos com os grandes construtores debaixo de fogo

Protocolos com os grandes construtores de baixo de fogo

A revisão do PDM da Moita está a ser fortemente contestada, entre outras coisas, por causa dos protocolos celebrados pela câmara com um grupo de grandes promotores

JOSÉ ANTÓNIO CEREJO

Criticada como poucas vezes se tem visto em Portugal, pe­los partidos da oposição e por um movimento de cidadãos, a revisão do PDM da Moita contempla a exclusão de vas­tas manchas da REN, que ,se admite somarem mais de 400 hectares, assim transforma­dos em solos urbanizáveis. Paralelamente, a proposta aponta para a afectação à mesma reserva ecológica de quase o dobro daquela área de solos agrícolas, pertencente a pequenos proprietários.
Para o PS, PSD e Bloco de Esquerda, bem como para os mais de mil cidadãos que em 2005 contestaram a proposta de revisão do plano durante a sua discussão pública, o que está em questão é um projecto de urbanização maciça do con­celho, com a possibilidade de serem construídos praticamen­te tantos fogos como os 30 mil existentes. Além disso, garantem, a proposta, que deverá ser em breve alvo de um penúltimo parecer da CCDR de Lisboa e Vale do Tejo, mas que contou até agora com o seu apoio, im­plica o favorecimento de um pequeno número de grandes promotores imobiliários, alguns dos quais adquiriram nos últimos anos, por vezes a preços de saldo, uma boa fatia dos espaços a desanexar da REN. Parte desses proprietá­rios, no decurso do processo de revisão, articularam com a câmara, através de protocolos preparados pelo jurista Rui En­carnação, a futura urbanização dos seus terrenos.
Por outro lado, acrescentam, a proposta prejudica, sem qual­quer ganho para o ambiente, as muitas centenas de pequenos proprietários, partes deles com actividade agrícola, que são do­nos das novas áreas afectas àREN e vêm os seus terrenos,jáprotegidos pela Reserva Agrí­cola Nacional, serem objecto de novas e severas restrições ao seu uso.
Na mira dos críticos, que através de blogs na Internet e múltiplas iniciativas junto de todos os partidos com assento parlamentar e da Presidência da República se batem contra a proposta camarária, estão os protocolos celebrados à volta de 2000 entre a câmara e, pelo menos, sete grandes promoto­res. Trata-se de instrumentos com características invul­gares e muito pouco usados pelos municípios, que foram juridicamente concebidos por Rui Encamação e que, sem se­rem constitutivos de direitos - segundo afirma o actual presidente da Câmara da Moita na proposta através da qual fez aprovar, em Setembro de 2000, o protocolo com a Imomoita, uma das empresas de Emídio Catum, sobre a Quinta das Fontainhas - permitem " a contratualização dos termos e condições das intervenções dos particulares no espaço urbanos".

"Uma mão cheia de nada"
Embora não sejam considera­dos propriamente ilegais, esse género de protocolos é olhado com muitas reservas por parte de alguns especialistas em di­reito do urbanismo, que vêm neles uma forma de condicio­nar as opções de planeamento das câmaras, sujeitando-as à satisfação de interesses parti­culares, por forma a obterem determinadas compensações para os municípios.
No caso das Fontaínhas, uma antiga exploração agro-pe­cuária de 22 hectares existente junto à zona urbana de Vale da Amoreira, o patrão da Imomoi, ta disse ao PúBLICO que come­çou a tratar do protocolo ainda antes de comprar a proprieda­de, no início de 2000. De acordo com o texto aprovado, com os votos contra da oposição, a em­presa compromete-se a ceder gratuitamente à Câmara duas parcelas de terreno com cerca de 68 mil m2 não urbanizáveis, para criação de um complexo desportivo municipal, e mais 30 mil m2 para instalação de uma quinta ecológica. Além disso, a Imomoita vincula-se à execução, dentro e fora da sua propriedade das Fontainhas, de um conjunto de obras viá­rias- consideradas essenciais para o concelho.
A Câmara, por seu lado, não se obriga a coisa alguma, dizen­do apenas ser sua "intenção", no âmbito dos estudos da revi­são do PDM, classificar a Quin­ta das Fontainhas, que faz par­te da REN embora o protocolo não o diga, como "solo urbano de finalidades habitacionais de comércio e serviços", com o indice de utilização bruto de 0.7. Caso esta "intenção" não venha a ser concretizada com a revisão do PDM, o protocolo caduca e a Imomoita não cede coisa alguma.
Rejeitando com indignação as sugestões de que este proto­colo corresponde a uma troca de favores entre si e o empresá­rio Emídio Catum, Rui Encar­nação diz que esse documento se enquadra naquilo a que os juristas chamam "actuações informais da administração". Assegurando que o texto é "completamente igual" aos outros por si feitos e outorga­dos pela câmara, diz mesmo que "a Imomoita dificilmente virá a tirar qualquer beneficio desse protocolo porque o nó da terceira travessia do Tejo cai mesmo em cima das Fontaí­nhas". Daí que, garante, o seu amigo Emídio Catum "será seguramente penalizado em relação aos demais". E conclui: "Neste momento o que ele tem é uma mão cheia de nada.".

Uma história "verdadeiramente" complicada

Do Público de 28/01

Uma história complicada de "amizade pessoal"

"Se nesta sociedade já não podemos ter amigos empresários, então não acredito nesta sociedade", afirma Rui Encarnação

"Tenho uma estima pessoal muito grande e uma relação profissional de há muitos anos com Emídio Catum e só isso é que pode expli­caresta situação." A declaração foi feita por Rui Encarnação e serve para justillcar o facto de, segundo garante, a moradia em que reside ser sua - embora tenha sido construída em terre­nos da Montiterras, uma empresa daquele seu amigo, em nome da qual se encontram todos os documentos que lhe dizem respeito.
De acordo dom o jurista, que é consultor da Câmara da Moita na área da gestão urbanísti­ca desde Outubro de 1998, além da moradia, ésua uma fracção de 30 por cento da parcela de 17 mil m2 em que foi erguida. A Montiterras, acrescenta, só comprou a parte restante, embora legalmente esteja tudo em nome dela, porque ele próprio pediu a Emídio Catum o "favor" de a comprar, "atendendo à relações pessoais" entre ambos.

Rui Encarnação conta que o terreno, legal­mente indivisível, foi adquirido em 1992 por um grupo de seis amigos, entre os quais se encontra­va, com o objectivo de ali construirem as suas casas e venderem o resto em lotes. A compra foi feita por 19.720 contos [cerca de 98.600 euros], ainda que a escritura, em nome de apenas um dos membros do grupo, tenha registado o valor de 5.000 contos [25 mil euros]. Como não foi possível levar por diante o projecto inicial, dado que os loteamento fora dos perímetros ur­banos passaram a ser proibidos, os seus sócios decidiram venderem 1997.

Uma vez que Encarnação queria ficar com os seus 30 por cento, a solução era ser ele a comprar o resto, oú encontrar alguém que, formalmente, comprasse a totalidade, mas salvaguardasse o seu quinhão. Pedida uma avaliação a António Dores, então responsável pelo Urbanismo da Câ­mara do Montijo, este fIXOU o valor dos 17 mil m2 em 29.190 contos [145.950 euros], ou seja, cerca de 20 mil contos [100 mil euros] para os 70 por­cento que queriam vender.

O que se passou, continua Encarnação - que disse ao PÚBLICO ter declarado rendimentos de 1,8 milhões de euros em 2004- foi que, naquela altura, não tinha 20 mil contos para ficar com a posição dos sócios. "Então resolvi falar com o meu amigo Emídio Catum e disse-lhe: 'preciso de um favor teu porque é a única alternativa que tenho para não perder esta esperança." O em­presário hesitou, mas o advogado convenceu-o. "Expliquei-lhe que o perímetro urbano do Pente­ado ia ser mexido na revisão do PDM e que havia a expectativa de o terreno vir a ser integrado nele, podendo depois ser fraccionado." Terá sido assim que em Maio de 1998, cinco meses antes de Encarnação entrar para a Câmara da Moita, a Montiterras comprou a parcela, ficando combinado que o jurista lá poderia fazer a sua casa, ocupando 30 por cento da área.
Ao que reza a escritura, a empresa pagou sete mil contos [35 mil euros], um valor muito infe­rior aos 20 mil que correspondiam à avaliação de António Dores. A explicação é simples, confessa Encarnação: "A venda foi feita por 40 mil contos [200 mil euros], mas foram declarados sete mil por causa do IRS que o vendedor teria de pagar sobre as mais valias." A ser assim, e apesar de o comprador lhe estar a fazer "um favor", a venda foi feita pelo dobro da avaliação.
A história, porém, poderá ser mais com­plicada , complicada, já que Catum disse ao PÚBLICO que comprou o terreno "há 12 anos", muito antes de 1998. E sobre o resto nada adianta, a não ser que na casa entretanto construída vive um amigo seu: "Não quero falar sobre isso porque é um assunto porco de mais."
Confrontado com o facto de o processo cama­rário dizer que a moradia foi construída pela Montiterras, Encarnação observá que também essa é uma questão formal. "A obra foi feita por mim em auto-construção. Fui eu que comprei os materiais e arranjei o pessoal e não a Mon­titerras." Apesar disso, admite que a empresa lhe forneceu o betão e materiais que ainda não foram pagos. "Há contas que têm de ser feitas e o que houvera pagar será pago."
Particularmente incomodado com a sugestão feita em alguns blogues de que a moradia seria uma contrapartida da prevista viabilização de um grande projecto de Emídio Catum, o jurista diz-se de "consciência absolutamente tranquila" em termos éticos e jurídicos. "Se nesta sociedade já não podemos ter amigos empresários, então não acredito nesta sociedade" , desabafa. . J. A. C.

Jornal O Público

Do Jornal O PÚBLICO de hoje:

Consultor da Câmara da Moita vive em moradia de luxo de uma empresa de construção civil

Por José António Cerejo

A revisão do Plano Director Municipal da Moita está a ser contestada pela oposição e por muitos cidadãos.
Em causa está um alegado projecto de urbanização maciça do concelho.
A história da casa de um braço ­direito do presidente da câmara, em que este tem uma intervenção determinante, é exemplo do que também é o poder local um pouco por todo o país.
Mesmo em câmaras de maioria comunista.

A casa em que vive o advogado foi aprovada com 439 m2, tem uma piscina ilegal, e foi autorizada onde o antigo dono só podia construir 125 m2 de habitação

O consultor jurídico da Câmara da Moita, Rui En­carnação, vive há cinco anos numa luxuosa moradia que é propriedade de um dos prin­cipais grupos empresariais do distrito de Setúbal, com especiais interesses imobili­ários na Moita. O jurista diz que essa situação é apenas formal, que justifica com as suas relações de amizade com o patrão daquele grupo, e garante que, na prática, a casa é sua. O empresário limita-se a afmnar que a moradia é dele próprio e que quem lá vive é um amigo seu.
Situada no Penteado, pró­ximo da sede do concelho, a casa encontra-se numa pro­priedade de 17 mil m2, com­prada em Maio de 1998 pela Montiterras, uma empresa do grupo Pluripar, sediado no Montijo e liderado pelo empresário Emídio Catum. À data da aquisição, a parce­la, que está fora do perímetro urbano da aldeia, era um ter­reno agrícola sem qualquer construção. Por volta de 1991, o então dono da pro­priedade, já falecido, ainda pensou em dividi-la em lotes para construção. A resposta escrita dada pela câmara - garantiu ao PÚBLICO o filho do interessado, que já foi autarca pela CDU - foi a de que "só lá podia fazer 120 m2 de habitação e um arma­zém agrícola de 200 m2" .
Perante isso, o terreno foi vendido por 19.720 contos [cerca de 98.600 euros], em 1992, a um amigo de Encar­nação, um advogado que residia numa modesta mo­radia da aldeia e interveio pessoalmente no negócio. De acordo com os registos, a parcela ficou nas mãos do novo proprietário até que este a vendeu à Montiterras em 1998.
No ano seguinte já o arqui­tecto António Dores - então ao serviço da Câmara do Mon­tijo, onde tinha sido chefe da Divisão de Gestão Urbanís­tica e Encarnação consultor jurídico até Janeiro de 1998, altura em que a maioria do PCP foi substituída pelo PS - estava a projectar para o local uma moradia de 439 m2. Subscrito por Catum, em nome da Montiterras, o pedido de licenciam entrou na câmara da Moita ­no início de 2000.

Advogado interveio na compra das Fontaínhas

Por essa altura estava Encarnação, que entertanto se tornara consultor da Câmara da Moita, a negociar com Emídio Catum a celebração de um invulgar protocolo (ver texto à parte), relativo à futura urbanização de uma propriedade de 224 mil m2, denominada Quinta das Fontaínhas, que uma das suas empresas projectava comprar no concelho. Enquanto isso, o escritório particular de Rui Encarnação estava a
tratar dos aspectos jurídicos, nomeadamente do contrato de promessa de compra e venda, que Catum e o seu sócio Teo­doro Alho assinaram com o vendedor, em Janeiro de 2000, por cinco milhões de contos [25 milhões de euros].
Licenciada em tempo recorde pelo então vice-pre­sidente e actual presidente da câmara, Joãq Lobo, a super-moradia do Penteado ficou pronta no final de 2001, com uma piscina ilegal e um muro em cima de uma faixa da Reserva Ecológica Naciá­nal (REN). De acordo com o processo camarário, a obra foi executada pela empresa dona do terreno, a Montiterras, que para isso juntou o alvará de construção civil de que é titular e a apólice de seguro emitida em seu nome.
Poucos depois da sua conclusão, mas ainda antes da passagem da licença de utilização, emitida em 2004 com base num parecer do arquitecto António Dores, o autor do projecto que agora dirige a fiscalização de obras particulares da Câmara da Moita, a càsa da Montiterras foi transformada em residên­cia de Rui Encarnação.
À luz do Plano Director Municipal, em vigor desde 1983 e de cujo conteúdo o proprietário original foi erradamente informado em 1991, nada mais pode ser construído na propriedade. A revisão daquele plano, em curso desde 1996, vai porém mudar este cenário. De acor­do com a proposta de revisão aprovada pela maioria comu­nista da Moita em Outubro, o perímetro urbano do Pen­teado vai ser alargado em 29 mil m2, constituídos por uma única mancha contínua, na qual avultam os 17 mil m2 da Montiterras. No local vão passar a ser permitidos lote­amentos para construção de moradias.
Sucede que no início de 2004 esse espaço, juntamen­te com uma vasta área con­tígua, tinha sido objecto de uma proposta de integração na REN, por iniciativa da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), que chegou a ser aprovada pela comissão na­cional da REN e impediria toda e qualquer construção, no caso de vir a ser defini­tivamente aceite no quadro da revisão do PDM. No final de 2005, contudo, a CCDR e a comissão da REN, a pedido da câmara, excluíram dessa proposta uma única mancha contígua ao actual perímetro urbano do Penteado, do mes­mo modo que o fizeram para 35 outros locais do concelho, por forma a permitír o alar­gamento da zona urbana.
Essa mancha única era precisamente a que inclui o terreno da Montiterras. O pedido camarário de ex­clusão - que justificava a proposta com a existência de um alvará de loteamento em vigor desde os anos 80, mas cuja existência real le­vanta grandes dúvidas – foi aprovado pela CCDR. Apesar disso mereceu dela o seguin­te observação: "Não são co­locadas objecções por parte de qualquer das entidades intervenientes no processo, apesar de se considerar que não se encontra devidamente fundamentado (...)"

domingo, janeiro 14, 2007

Arquivo Municipal da Moita


(Na foto, o Secretário de Estado da Administração interna, Dr. Eduardo Cabrita, a Governadora Civil de Setúbal Arq. Teresa Almeida, a Vice-Presidente da CCDR Dra. Eurídice Pereira, a deputada do PS Dra. Teresa Diniz e o Presidente da Câmara da Moita João Lobo)

Contrato-programa para construção assinado com Administração Central

Comparticipação financeira da Administração Central de 446 625 euros

Foi assinado entre a Direcção-Geral das Autarquias Locais, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo e a Câmara Municipal da Moita, um Contrato-Programa para a Construção do Arquivo Municipal da Moita. A cerimónia de assinatura decorreu no Governo Civil de Setúbal e foi presidida pelo secretário de Estado da Administração Local, Eduardo Cabrita.

O Contrato-Programa prevê a comparticipação financeira por parte da Administração Central de 446 625 euros, ou seja, 30 por cento do valor total da obra, cerca de 1 488 750 euros. Assim, em 2007, será disponibilizada para o Município da Moita uma verba 120 488 euros, e em 2008, o restante da comparticipação, 326 137 euros. Neste âmbito, a construção do Arquivo Municipal da Moita vai envolver um esforço financeiro, por parte da autarquia, estimado em 1 014 125 euros.O Arquivo Municipal da Moita, cujas obras deverão arrancar este ano, vai ser construído junto à antiga fábrica de cortiça Socorquex, numa área de cerca de 1 400m2, organizada em três pisos.



Soube pela ROSTOS

http://www.rostos.pt/paginas/inicio2.asp?jornal=18&revista=5&cronica=140915&mostra=2

que na passada 5ª feira foi assinado o contrato-programa em referência. Ainda bem para o concelho.
Como na véspera, na sessão privada de Câmara não informou os vereadores da Oposição, certamente que foi uma surpresa e um convite na hora para o Sr. Presidente da Câmara.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Entrevista ao Jornal da Moita

(Entrevista efectuada no 8/Jan por Vanda Carvalho)


Jornal da Moita - Qual é o balanço que o PS faz do primeiro ano de mandato?

Vítor Cabral - O Partido Socialista saiu fragilizado destas eleições autárquicas. Co­mo é sabido concorríamos para ganhar. Essa situação não aconteceu e ainda passámos de três vereadores para dois. Atribuímos isso à situação do País, à proposta do PS que não agradou aos munícipes e depois, também, a uma campanha difamatória que circulou nal­gumas freguesias relativamente a alguns can­didatos. Isso funcionou muito bem e funcio­nou a favor da CDU. A CDU ganhou e está no poder. Relativamente ao nosso trabalho autárquico fizemos diversas intervenções de fundo, chamámos a atenção para muitos dos pro­blemas existentes, alguns dos quais têm vin­do a ser corrígidos. E ainda bem pois também é para isso que serve a Oposição. É para chamar a atenção para aquilo que não está bem. Par­ticipámos nesta última votação do PDM vo­tando contra. Esta parte final do PDM era contrário à nossa ideia. Não concordámos co­mo o processo se desenrrolou e então votámos contra. Estamos na Câmara como oposição construtiva, entendemos que o con­celho como está não pode ser gerido só por uma Maioria. Devem ser todos chamados à governação, devem ser todos ouvidos. Todos devemos dar uma palavra sobre o concelho, porque o futuro é de todos. O futuro não é só daqueles que estão actualmente no poder e que representam uma parte da população, mas o concelho é muito mais abrangente, são cinquenta e tal mil pessoas que muitas delas não se sentem identificadas com o actual fi­gurino autárquico e com a actual maioria.

JM - Como é que avalia a revisão do Plano Director Municipal da Moita?

VC - A proposta do PDM actual é uma manta de retalhos. Este actual PDM surgiu de uma série de compromissos que foram sendo corporizados ao longo dos últimos 10 anos de mandato. A vertente técnica do PDM foi sendo adaptada consoante esses compromis­sos eram assumidos pela CDU, por isso eu digo que o PDM é uma manta de retalhos. E é uma pena, porque é um documento fun­damental para o crescimento e desenvolvi­mento do concelho, para o futuro do nosso concelho. Se este PDM fôr aprovado como está, creio que a breve prazo terá que haver uma nova revisão, porque este PDM não serve o concelho. Este PDM vai acentuar ainda mais a construção, as urbanizações. Com este PDM não há uma distinção clara entre as Freguesias, entre os diversos pólos habitacionais. A breve prazo vamos ter uma fila de construção desde a Fre­guesia da Moita até ao Barreiro, sem uma individualização concreta dos diversos pólos urbanos. Com este PDM vai haver uma falta de identificação dos munícipes perante a sua terra. Se devemos dar prioridade ao património artístico, cultural e arquitectónico, deveremos dar ainda maior ênfase ao pa­trimónio que são as pessoas. Isto não é um PDM, isto é um Plano de Urbanização do Con­celho.

'PDM não corporiza o desenvolvimento a longo prazo do concelho'

JM - Segundo o PS qual seria o melhor PDM?

VC - O PDM não corporiza o desenvolvi­mento a longo prazo do concelho, não foi feita uma circular na Moita, o trânsito vai continuar a circular pelo centro da Vila, o nó do Carvalhinho fulcaral nesta propos­ta do PDM está completamente super lotado. O concelho da Moita tem apenas uma única ligação ao IC32, por exemplo o Montijo já está a concretizar a 3ª ligação. O PS considera que o IC32 é uma via estruturante do concelho e dos concelhos vizinhos. A nível de espaços a urbanizar, toda esta faixa entre a Moita e o Barreiro vai ficar toda construída. Claro que depois têm que ha­ver as chamadas zonas esponja, que têm que absorver a humidade, a chuva e isso foi des­localizado para algumas zonas, como é o caso da Várzea onde os moradores têm reclamado tanto, porque são zonas de aptidão agrícola, que são alteradas para zona REN. No fundo, este plano está a desproteger aquelas zonas e a meter índices de construção altíssimos so­bre outras zonas do concelho, que é o caso de toda esta faixa entre a Moita e a Quinta da Mi­galha.

JM – Qual a avaliação que o PS faz do trabalho realizado pelo Presidente da Câmara Municipal da Moita neste primeiro ano de mandato?

VC - O presidente João Lobo está no po­der há mais de uma década primeiro como vereador do urbanismo e depois como presidente da Câmara. No fundo todas estas políticas que estão a ser continuadas, foram implementa­das em parte ou ele. Com o orçamento anual que a Câmara tem, e a concretização que consegue obter não tem uma vida simplifi­cada. Acredito que é dificil governar o conce­lho como está actualmente. Agora, este con­celho é o espelho e é o resultado de 30 anos de governação. Há muitas chamadas de atenção que ao longo do ano se vão efectuando que são resultado desta política de 30 anos. Determinados interesses já corporizados e que a Câmara tem de lhes dar resposta. Depois muitas questões são politizadas, mascaradas com a verdade única, que só a maioria tem razão e os outros não prestam, não servem, que estão contra os inte­resses do concelho. Hoje em dia não se pode governar assim, com esta dualidade, ou são connosco ou são contra nós, e este mode de pensar e de agir é es­tendido a quase todos os estratos do conce­lho, desde colectividades a associações que foram largamente prejudicadas neste último ano, porque prometeram-lhes determinados apoios que depois não foram concretizados. Nós temos consciência das dificuldades do país, agora não se pode é prometere faltar. Aqui no concelho têm a mesma"prática" que noutras Câmaras, só como são de sinais diferentes aqui são boas, ali são más.

'Não teria avançado com a revisão do PDM'

JM - Se estivesse no lugar do presidente o que é que teria feito de diferente no últi­mo ano?

VC - Teria parado com a revisão do PDM. Não teria avançado com a revisão do PDM como ele estava, e isso é o aspecto mais importante da actual governação CDU deste mandato. O avançar com a actual proposta do PDM vai trazer muitos problemas ao concelho. Não há uma visão de futuro com qualidade de vida com o PDM. Devia ter havido coragem de saber parar e não ter avançado de qualquer maneira. Depois, parece que não há vontade de conseguir negociar com os órgãos do Governo Central para trazer algumas coi­sas para o concelho. Questiona-se muito, queixam-se muito, fazem-se listas e listas de equipamentos que não existem e deveriam de haver, mas não há uma vontade de negociar as coisas. É mais fácil nós queixarmo-nos e fazermos moções, do que muitas vezes nego­ciar. Veja-se o caso do Cais Novo de Alhos Vedros que é um cancro de poluição contra o bem-estar do concelho. A situação arrasta-se, semo sabemos se há contactos com o Porto de Lisboa e tentativas para solucionar de vez aquele cancro. O futuro deste con­celho é o rio, futuro a nível turistico e de la­zer, é um espaço que tem que ser conquista­do pela positiva pelo concelho da Moita.
Além disso, apostaria na participação dos munícipes na vida autárquica. Com mais informação, mais rigor, mais transparência. Implementaria os orçamentos participados. Os munícipes têm a obrigação de saber a verdade sobre as finanças do Município.

JM - Como é que vê a educação no con­celho da Moita?

VC - Reconheço que a Câmara tem feito um esforço juntamente com os agrupamen­tos, escolas e conselhos directivos para criar estruturas que apoiem a educação e aí louvo o trabalho que foi executado. Agora, esta últi­ma posição da Câmara Municipal relativa­mente à questão do enriquecimento curricu­lar acho isto caricato, praticamente é a única câmara do país que tem esta posição e depois estar a por à fi:ente de tudo que o ensino deve ser público, concordo que deve ser público, mas de qualidade. Não podemos estar a fazer finca-pé nesta situação quando há outras so­luções que podem melhorar a educação das nossas cnanças.

JM - O que é que o PS acha que merece uma intervenção rápida no concelho que ainda não foi feita?

VC - Trânsito - Empenho na resolução dos problemas de trânsito em todas as freguesias. Acessos à IC32, circulação de trânsito, regulação e criação de mais estacionamentos, mais ciclovias.
Ambiente – reforçar a recolha de lixos e detritos, tanto nos polos urbanos como no espaço rural, assim como a remoção de entulhos que estão espalhados por todos os recantos. Em complemento papel activo do respectivo Departamento da Câmara e Amarsul, na sensibilização e educação da população, principalmente das camadas mais jovens para a recolha, seecção e reciclagem do lixo. Mais, sensibilizar para a defesa do ambiente, especialmente da zona ribeirinha.
Retomar o apoio ao movimento associativo e instituições de solidariedade social. A maioria dos munícipes que intervêm na política concelhia são provenientes das Colectividades. Foi no meio do movimento associativo que durante anos se formaram homens e mulheres aptos para intervirem na vida colectiva. No futuro, para que exista renovação de quadros, as Colectividades são fundamentais.
Depois, obras urgentes, o arranjo do terreno do mercado mensal da Moita, obra urgente e há muito reclamada, o arranjo da estrada e passeios da estrada S.Sebastião-Carvalhinho, a regulamentação do estacionamento no centro de Alhos Vedros e o arranjo do Largo da Festa, o arranjo das pracetas e das zonas ajardinadas no Vale da Amoreira.

JM - Voltava a candidatar-se?

VC - É muito cedo. Não sou político. Por natureza, gosto de organizar, de participar, de intervir activamente. Ao longo dos anos tenho tido um papel activo na vida cultural e associativa de Alhos Vedros e do concelho. O actual papel dos vereadores da oposição é mais de influenciar e de fiscalizar. Por isso a natural insatisfação. E a actual situação do concelho precisa da intervenção de todos. Acredito nas pessoas, acredito no concelho. Todos vão ser necessários para tomar a nossa terra mais aprazível e mais harmoniosa.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Alguns números relativos ao Orçamento CMM

Como é do conhecimento de quem visita este Blog (basta deslocar o rato para baixo) está instalado um contador que, entre outras virtualidades, permite saber quem visita este espaço.
Um dos visitantes habituais e diários é "O BANHEIRENSE".
Nada disto admira, considero até nornal que quem navegue na NET saltite de blog em blog, para aceder aos diversos conteúdos.
E que depois analise e transcreva, e comente, etc.
Tudo certo, desde que o façam com correcção e com verdade.
Contudo, um dos seus titulares, o Sr. Nuno Cavaco, técnico municipal (que pelas horas em que "posta", deve passar o dia nestas andanças), baseado num post meu sobre o monumento ao Fado na Mouraria, em que eu escrevi:

"Muitas actividades promovidas por Câmaras, e onde se gasta rios de dinheiro, são feitas só com um objectivo: marcar presença nos jornais, ou aparecer "aquela" foto nesta ou naquela revista.Também muita obra feita por esse país fora, só foi mandada executar com esse único objectivo: propagandear o nome de alguém.Veja-se o caso abaixo, fotografado, "quase em frente da Capela da Sª. da Saúde" à Mouraria.
E por cá? Basta desfolhar a última edição do Boletim Municipal!"

Escreve sobre o culto da personalidade, desatando a listar, pasme-se, cartazes da última campanha eleitoral do Ps e não só.
E listou bem, claro. Dos outdoors na vertical, às fotos e à sede de campanha.
Esqueceu-se foi dos milhares de catarzes com fotografias dos candidatos da sua campanha, da (CDU) e das inúmeras acções promovidas pela Câmara e pagas com o nosso dinheiro, com o objectivo único de conquistar votos. E as obras feitas à pressa para aparecerem na foto?

Cada um promove ou promoveu aquilo que entendeu. Ponto final.

Só que, na sua dissertação, partiu de uma permissa errada. Ou então, de propósito, chamou a atenção para o lado:

Os cartazes das campanhas foram pagos pelos respectivos partidos políticos.

O Boletim Municipal, e as restantes publicações municipais são pagas pelo erário público. Por todos nós.

O Boletim Municipal deveria ser, por excelência, o veículo da informação camarária, dos eleitos, com pelouros ou não. E informar correctamente.
Pelo Boletim Municipal ficou-se a conhecer o resultado da votação da vereação sobre o PDM?
Ou as diversas posições sobre o mesmo?

Já se ouviu no programa de Rádio da CMM, alguma entrevista ou posição dos vereadores da Oposição sobre assuntos relevantes para o concelho?

Ou, mesmo em actividades que promovem na sua qualidade de associativistas, já apareceram como tal?
Por exemplo, o vereador Raminhos, rosto visível da CACAV, numa das inúmeras actividades culturais promovidas?
Ou, esquecendo a modéstia, eu, que ajudei a organizar e construir o Carnaval de Alhos Vedros ao longo de 16 anos, já apareci nessa qualidade?
Porquê? Porque somos autarcas (da Oposição)?
Contudo, na Maré Cheia de Set/2006 a páginas 9, é feito e bem, um destaque a um associativista e autarca em funções.

Por isso, Sr. Nuno Cavaco, transcreva ou comente o que entender, mas correctamente, com verdade, sem instrumentalizações.

Também o informo que, independentemente daquilo que escrever, não lhe vou responder.
Sabe, o meu tempo é precioso, tenho muito onde gastá-lo e os minutos que gasto na Net são necessários para outras actividades a favor da terra.

Relativamente à declaração de voto dos deputados do Partido Socialista na Assembleia Municipal sobre o Orçamento da Câmara para 2007, relembro-lhe só um exemplo daquilo que o senhor sabe:

Receitas
Rúbrica 04 - Transferências correntes
Orçamentado em 2006 - 6.233.844,00 €
Executado em 27/12/2006 - 6.649.613,23 € (106,67%)
Recebido a mais - 415.818,23 €

Orçamentado para 2007 - 7.596.012,00 €
Diferença a mais do Orç. 2006 - 1.362.217,00 € (a mais 17,93%)
Diferença do executado 2006 - 946.398,77 € (a mais 12,46%)

Cordialmente
Vitor Cabral