Do Jornal de Notícias
Dezenas de ossários do cemitério da Moita foram retiradas pelos serviços daquela autarquia dos gavetões onde estavam há vários anos. Os proprietários não reivindicaram a posse em tempo útil e foram surpreendidos pelo despejo dos restos mortais.
A medida da autarquia insere-se numa política de modernização daquele recinto, encetada em 2004, tendo provocado uma onda de choque em dezenas de famílias que se deslocaram ao cemitério. O prazo para a reclamação terá expirado mas a maioria das pessoas garante que nunca foi informada das intenções municipais.
Para quem viu desaparecer os restos mortais, a solução passa por reclamar junto dos serviços autárquicos. E aguardar que as urnas regressem do cemitério do Vale da Amoreira, onde foram colocadas, provisoriamente, à espera de serem solicitadas.
Ao JN, o vereador do Ambiente e Serviços Urbanos, Carlos Santos admitiu que possam ter existido alguns erros e que, em caso da apresentação dos documentos necessários, a autarquia reporá as urnas."Tínhamos gavetões de 1885 e muitos deles com rendas em atraso de anos", referiu o autarca, não explicando qual a razão para que a Câmara não tenha informatizada a informação, quanto às pessoas que adquiriram há dezenas de anos os gavetões.
Durante um ano, Elsa Pereira não visitou o gavetão onde se encontravam os restos mortais do bisavó. Tempo suficiente para que não conseguisse provar que é proprietária do espaço, adquirido pelo seu avô em 1963. No último fim-de-semana, deslocou-se ao cemitério e da urna não sobrava nada.
Esta, depois de contactar os serviços municipais, terá sido informada de que um dos editais fora colocado recentemente nas instalações do coveiro, onde era concedido um prazo. "Só uma autarquia é que acha que os familiares, de uma pessoa que está enterrada, quando entram no cemitério espreitam para a casinha onde está o coveiro", retorquiu, indignada, a mulher.