Factos históricos:
- Em 1415 grassava a peste em Lisboa. Em consequência desta epidemia, a Rainha D. Filipa de Lencastre falece a 19 de julho. O Rei deixa a corte em Lisboa e refugia-se em Alhos Vedros numa quinta do seu filho bastardo D.Afonso, Conde de Barcelos. Aqui em Alhos Vedros, segundo o testemunho de Gomes Eanes de Azurara, na Crónica da Tomada de Ceuta, realizou-se a entrevista com os seus filhos sobre a expedição a Ceuta. Os Infantes deslocam-se de barco a Alhos Vedros, onde pedem permissão ao pai, para partirem à conquista de Ceuta, dando origem à gesta dos Descobrimentos Portugueses.
- Em 15 de Dezembro de 1514, D. Manuel I outorga Foral a Alhos Vedros. Os 500 anos do Foral comemoram-se em 2014, daqui a 8 anos.
De norte a sul do país, e com o objectivo de divulgar a sua história e o seu património, em inúmeras freguesias e concelhos têm surgido eventos, Feiras medievais, desfiles, recriações, onde, revivendo ou recriando o passado se aposta na cultura, no futuro e no desenvolvimento.
Porque não fazer o mesmo em Alhos Vedros?
Em Alhos Vedros já se conjugam diversos factores que é dificil encontrar.
- Existe um património histórico rico, que urge divulgar.
- Existe experiência de organização de eventos, com a participação de muitas pessoas (por exemplo, o Carnaval).
- Existem alguns meios disponíveis nesta área (pesquisa documental, guarda-roupa, materiais cenográficos, etc)
- Existem Colectividades, Associações, Escolas que conseguem trabalhar em conjunto.
Porque não conjugar todas as vontades e lançar um evento, tipo Feira Medieval, com animações, desfile a cavalo, torneios, ateliers artísticos, etc, com a participação de crianças e jovens, e que fosse crescendo ao longo destes anos e que culminasse nas Comemorações dos 500 anos do Foral de Alhos Vedros, em 2014?
A ideia tem vindo a germinar, desde meados de 2005, e foi reforçada em Março de 2006, data em que o grupo “Amigos da História Local”, realizou um Colóquio sobre este tema.
A partir daí, apareceu um site http://alhosvedros-medieval.blogspot.com/, que tem vindo a desenvolver a ideia.
O projecto foi apresentado à SFRUA, à Igreja, aos Escuteiros, a outras Associações, à Escola Zeca Afonso. Todos reconheceram a importância e o valor do projecto e todos mostraram vontade de lançar mãos à obra.
A ideia foi apresentada à Junta de Freguesia de Alhos Vedros e à Câmara Municipal da Moita em Novembro de 2005. O projecto completo foi enviado em Julho de 2006.
Em reunião realizada em Novembro passado na SFRUA, em que o assunto esteve na ordem do dia e perante a questão concreta do envolvimento no projecto, a Junta não respondeu e da Câmara, através da Vereadora do Pelouro e do Chefe de Serviços respectivo, as palavras foram de desincentivo. Que em 2007 não havia condições, que não existia verba, inclusivé que não havia datas disponíveis...
Em 24 de Janeiro, na sessão pública descentralizada de Câmara, que se realizou no CRI, em Alhos Vedros, voltei a relançar o tema. O Sr. Presidente desvalorizou por completo o assunto.
Mais importante que o apoio em euros é a atitude de incentivo, e o carinho com que se devem receber iniciativas desta natureza em favor do desenvolvimento da nossa terra.
Que Autarquia é que, perante uma iniciativa desta natureza, actua deste modo?
Contudo, a Câmara neste ano começou a realizar espectáculos de música da época medieval-renascentista. Será que aproveitou a ideia? Ou, (podemos pensar), a ideia se fôr organizada pela Câmara já é boa?
Salvo raríssimas excepções, as boas ideias para eventos ou iniciativas que surgem no Movimento Associativo, ou de munícipes individuais, mais tarde ou mais cedo são apropriadas pela Câmara. Veja-se o recente e triste caso da Romaria, ou do eXporádico, este ano completamente copiado na Quinzena da Juventude.
O contrário é que deveria acontecer ou seja, o poder camarário deveria dar visibilidade às pessoas que têm as ideias e apoiando, prestigiava todos, pela positiva. Com esta atitude a CMM em vez de unir, divide, em vez de ajudar a desenvolver, leva à retracção.
Mas enganam-se com a Feira Medieval. Em Alhos Vedros não desistimos facilmente!
Vitor Cabral