domingo, julho 06, 2008

Intervenção do deputado Vitor Ramalho

Intervenção do deputado Vitor Ramalho no Plenário da AR em resposta a uma Proposta de Resolução apresentada pelo PCP.
2008.JULHO.03

O distrito de Setúbal foi, todos o sabemos, um distrito-problema. Vai deixar de o ser.
Mais! Já está a deixar de o ser.

Pela sua localização geográfica, pela centralidade, pela relação euro-atlântica, funcionando como porta de entrada e de saída da Europa, será cada vez mais a plataforma motora do próprio desenvolvimento do país e da afirmação dele no mundo.

Os investimentos públicos e público-privados projectados, desde a 3ª travessia do Tejo, passando pelo aeroporto internacional, prosseguindo pela maior plataforma logística do país no Poceirão, e do metro ao sul do Tejo, até ao alargamento da fábrica da Portucel, bem como o novo enquadramento turístico na Costa Alentejana, o maior do país neste domínio, que se estende complementarmente a Alcácer do Sal, terminando no IP8 que liga Sines a Beja, de par com a reestruturação dos portos, para já não falar no troço do TGV que ligará o Poceirão a Caia, e o incremento em curso na plataforma industrial, falam por si.

O PCP sabe disso tal como sabe por efeito dos resultados de sucessivas eleições legislativas ganhas confortavelmente pelo PS que o coração dos cidadãos do distrito bate ao ritmo da esquerda, uma esquerda tolerante e universalista, que o PS protagoniza.

É isso que preocupa o PCP, sentado incomodamente numa mera maioria conjuntural autárquica, que aliás é afectada sempre que os eleitores afluem às urnas em número superior ao que é infelizmente normal ocorrer em eleições autárquicas. Foi assim em Setúbal, como foi em Grândola, em Alcácer ou no Barreiro.

Obviamente que a direita, do CDS ao PSD, não conta para este campeonato. Nunca tiveram a gestão de uma Câmara no distrito. Vaticino que vai continuar a ser assim. Quanto ao BE, apesar dos resultados autárquicos alcançados nas últimas eleições, como por exemplo, em Sesimbra, de 10,6%, não elegeu nenhum vereador. O que quer dizer que estes votos foram perdidos.

Voltemos à resolução do PCP.

Nós, PS, entendemos, ao contrário dos proponentes, que tudo aquilo que sirva o distrito e as suas gentes, venha de onde vier é de aplaudir. E mais! Queremos conjugar esforços. Sempre o dissemos. Não somos sectários.

Só que esta Proposta de Resolução é uma oportunidade falhada para esse objectivo. Os planos, dois, que se pretendem criar para o litoral alentejano e para a península de Setúbal integram na maior parte dos casos objectivos que são pura e simplesmente de âmbito nacional, os específicos do distrito como os investimentos acima referidos foram lançados – e bem – pelo actual governo e a criação de mais estruturas de alegado acompanhamento, não fazem qualquer sentido.

E não fazem porque no que respeita ao litoral alentejano a AMLA já terminou um projecto articulado e como é referido no próprio preâmbulo da Resolução, são inúmeros os instrumentos de planeamento existentes, para além do QREN. Incluindo o do Plano Estratégico que envolve todos os municípios, integrando 239 entidades públicas e privadas.

Por todas estas razões, o PS votará obviamente contra, não sem que reconheça que o PCP fez anotar no preâmbulo – e bem – os elevados níveis de qualidade de desenvolvimento do distrito, o que o Governo seguramente agradece.

Desejaríamos que o nosso voto fosse outro. E não seria se antes o PCP tivesse colocado à consideração dos demais partidos uma ideia que fosse consensualizadora de desígnios comuns para bem do distrito, porque os há.

Vítor Ramalho
Presidente da Federação Distrital de Setúbal do PS