quarta-feira, abril 14, 2010

Património ... adiado

Nesta altura do ano de um modo quase generalizado, as Câmaras Municipais lembram-se do seu património e realçam aquilo que têm de mais valioso: a sua cultura, as suas tradições, as suas gentes, os seus palácios e museus, o seu património. Também a Câmara Municipal da Moita está a promover a Semana do Património 2010. Segundo os objectivos descritos, a iniciativa procura valorizar e divulgar a história, o património, as tradições e a identidade cultural do concelho da Moita. Irá também decorrer o Encontro de Culturas Ribeirinhas, com colóquios, beberete, caldeirada, ateliês de marinharia e pintura, regatas e uma homenagem ao marítimo e tudo com o intuito de valorizar o património e a cultura ribeirinha.

Iniciativas louváveis, feitas com o apoio de Associações locais e dinheiros da Câmara mas sobretudo do PORLISBOA (Programa Operacional Regional de Lisboa), QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional), Fundo Europeu do Desenvolvimento Regional, etc.

Muito há ainda a fazer.
Onde guardar o que resta das memórias?
Onde está o museu ou as simples instalações que recolham os despojos arqueológicos, ou as reservas municipais ou as ofertas dos munícipes, como é o caso agora das memórias sobre a República?

Anualmente, a Maioria CDU leva a reunião de Câmara listagem infindável de obras e recuperações a inscrever nos investimentos do PIDDAC. Algumas das obras, essenciais para o desenvolvimento do concelho, outras nem tanto. O PC local, apesar de saber que a Câmara não tem nenhuma capacidade para comparticipar a sua parte nas obras e investimentos, continua a exigir, para depois ter “bandeiras” nos ataques desenfreados ao PS e ao Governo.

Dum modo construtivo, os vereadores do PS aprovaram a proposta, como forma de fortalecer a necessidade do Governo Central continuar a apostar com investimentos estruturantes no concelho, como foi o caso do último ano.

Contudo, a Câmara tem que demonstrar que tem vontade de fazer mais.
A Capela de S. Sebastião é um caso paradigmático deste modo de actuação. Durante anos a fio, também a sua recuperação fazia parte destas listagens do PCP. Valeu a interferência do Dr. Elísio Summavielle, então director do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) e actual secretário de Estado da Cultura, para que a verba de cerca de 100.000 euros fosse desbloqueada. Se não me falha a memória, 80.000 euros do IGESPAR, 20.000 da Câmara. Em final de 2007 estava a obra concluída. Passa 2008, 2009 já lá vai, e a Capela continua fechada e sem previsão de abertura nos tempos mais próximos.

Será que valeu a pena o investimento?

Na dita listagem também vem como prioridade o apoio à recuperação da Capela Seiscentista da Misericórdia de Alhos Vedros. Se vier a ser recuperada, não terá o mesmo destino adiado da outra?Num concelho tão fraco de recursos, o edifício recuperado da dita Capela de S. Sebastião não está a fazer falta?

Se não há vontade ou dinâmica para dar um uso cultural aquelas instalações, talvez fosse melhor devolver-se a Capela ao seu objectivo inicial de culto. De certeza que estaria a funcionar e a ser usufruída pelos Moitenses.