segunda-feira, novembro 24, 2008

Com maus exemplos não se convence ninguém


Confesso que pensei bastante antes de escrever este artigo. E questionei-me se o fazendo ajudo ou prejudico o meu partido, o Partido Socialista. Cheguei pois à conclusão de que pode efectivamente ajudar. É pois para o interior do PS que escrevo, com o testemunho público de todos. Noto um partido triste e desmobilizado. Um partido sem alegria para enfrentar como deve as batalhas políticas que se avizinham.

Tenho lido e ouvido alguns membros proeminentes do PS e identifico-me totalmente com eles. Mário Soares, António José Seguro, Ferro Rodrigues, Ana Benavente, Manuel Alegre, António Costa, António Vitorino e alguns outros socialistas de topo mais, têm tomado também algumas posições pontuais e reconhecendo coisas que estão menos bem, alertando para as consequências. Isto é também no entanto sinal do pluralismo democrático que sempre caracterizou o PS. Um partido sem amarras, de gente livre, com direito à diferença de opinião. Há, quanto a mim, muito governo e pouco partido, e um partido serve para levar ao governo uma ideologia, uma política, uma forma de estar na vida, não o contrário.

Não se nega que se tomaram várias medidas justas e correctas em alguns domínios, mas para que servem se depois se pode estragar tudo com medidas incompreensíveis e falta de bom senso? E a vida das pessoas não está bem, infelizmente, pese algumas medidas sociais pontuais, mas não suficientes e abrangentes às famílias e PME´s em geral. O défice e a crise não justificam tudo. Há vida para além do défice e da crise internacional.
E que dizer da actual grande controvérsia, na educação. Mais de uma centena de milhar de professores não estão todos enganados e manipulados. Que nestas coisas há sempre oportunismos é verdade, mas o governo não está a lidar como deveria com este problema. E parece-me um erro político que pode custar caro. Os professores têm razão e há que haver coragem e modéstia na política, já não só no ministério da educação, para sentar as pessoas à mesma mesa, mediados por quem saiba, seja credível e aceite pelas partes, e resolver este problema de vez. Suspenda-se este sistema de avaliação e encontre-se um modelo justo e reconhecido pelas partes. A quem serve este conflito? A política de desenvolvimento tecnológico que o primeiro-ministro quer levar o país é correcta para o futuro. Mas não se consegue fazer uma política educativa séria com professores, reitores e alunos contra.

Os socialistas do concelho da Moita lutam localmente por uma gestão camarária mais justa, com mais qualidade de vida, sem o caos urbanístico que conhecemos e vemos, com menos betão, mais e melhor ambiente com a defesa das zonas agrícolas e ecológicas, que estão em perfeito ataque como contrapartida ao crescimento urbanístico não sustentado. A actual gestão camarária não sabe obter receitas para apresentar trabalho que se veja a não ser dessa forma. Não promove o desenvolvimento económico, não o sabe fazer, só sabe que por cada novo metro quadrado de betão que cresça obtém algumas receitas, do tipo “matar a galinha dos ovos de oiro”, receitas que alargam apenas temporariamente o laço sufocante do endividamento alarmante em que esta câmara tem caído, mas destroem o futuro para sempre, fruto de erros de gestão política, ano atrás de ano. Depois da “1ª geração” de falta de qualidade à vista, anunciam-nos o que chamam de 2ª geração, com a alteração ao Plano Director Municipal. É o acabar com o resto. Mas, com que dificuldades, como podem os socialistas deste concelho fazer-se ouvir por uma população que não compreende, e com razão, muitas medidas e posições pouco felizes por parte do nosso governo? Acreditará que no PS local há gente séria e com valor, democratas de corpo inteiro e capazes de proceder à mudança que esta terra precisa, com nenhum interesse mais que não seja um concelho diferente e muito melhor para todos? Uma coisa é certa, como socialista, como democrata e como trabalhador espero dias melhores, quer no governo central quer no governo local da câmara.

O país e o concelho estão acima dos interesses mesquinhos e pessoais de um qualquer.

Sou socialista há mais de 30 anos e residente neste concelho há quase 50 e digo, as instituições ficam e os homens passam, com mais ou menos danos, ficando na história como heróis ou vilões. Cada um faz a sua escolha. O povo os julgará, o povo é quem mais ordena.

António Duro

Militante do Partido Socialista