No ano passado, António Duro escreveu n' O RIO, um artigo de opinião com este mesmo título, que chamava a atenção para a falta de uma política desportiva no concelho da Moita.
Atendendo a que os visados (Maioria Camarária) continuam num estado de apatia total, retomo o tema. Quem tem lido os meus anteriores artigos de opinião, poderá estranhar o tom de crítica destas linhas. Se elas servirem para abanar o marasmo em que o concelho se encontra e despertarem algumas consciências que andam entretidas "em toiradas", já serviram para alguma coisa.
Referia o António Duro as dificuldades que as Colectividades sentem com as diminutas instalações, com a falta de equipamentos desportivos, transportes, ou mesmo equipamentos municipais que sirvam os seus atletas e de um modo abrangente, toda a população. E se então lançam ideias ou novos projectos, as contrariedades nunca mais acabam.
Depois de no final do anterior mandato, a Maioria CDU ter apostado tudo nos cavalos e nas toiradas (de que também todos gostamos) esperava-se que a atenção se virasse para a cultura e principalmente para o fomento do desporto. Do apoio a quem promove o desporto. Mas não. A nota inicial deste Mandato foi o corte em 50% de todos os apoios às Colectividades.
Proximamente, quando chegar a hora de prestar contas, que explicação arranjará esta Maioria CDU, para tal procedimento? Mais, para além do corte, cada vez protelam mais esses apoios. Este ano, estamos em Setembro e o subsídio anual para as Associações ainda nem sequer foi aprovado em sessão de Câmara.
Em mais de 30 anos de poder absoluto no concelho da Moita, as grandes obras do Regime irão ficar somente no papel? Do Pavilhão Multiusos da Baixa da Banheira, obra megalómana orçada à data em 1 milhão de contos, sabendo-se logo à partida que a Câmara não tinha os 850.000 contos para pagar a sua parte. Será que nos contentamos só com o projecto e a maquete pagos principescamente, esquecidos num qualquer armazém?
E com a piscina municipal na Moita, largamente anunciada e prometida desde há mais de 10 anos, ficaremos satisfeitos somente com a sua visualização virtual nas próximas Festas de Setembro?
Quanto à Pista de Atletismo em Alhos Vedros, essa ainda nem sequer passou ao papel. Contudo, encheu discursos, folhetos, prospectos e Boletins Municipais.Vibrámos todos com a medalha de ouro do Nelson Évora. Pois é, se algum jovem do concelho quiser praticar salto, salto em comprimento, salto em altura ou mesmo triplo salto, onde treina? No areal da praia do Rosário?
De que serve promover provas de maratona nacionais, quando depois não temos instalações minimamente condignas que captem o interesse criado nos mais novos com a vinda de atletas de renome e obviamente bem pagos. Somente para a fotografia? Para o aparecimento fugaz na televisão e a respectiva promoção pessoal?
Numa correcta politica integrada de educação, em breve as escolas primárias passarão para a responsabilidade das Autarquias. É neste quadro que programamos o futuro? Não pode ser! Basta! Acordem do marasmo! Ainda estão a tempo de até ao final do próximo ano, de inverter e recuperar algum tempo perdido!
Esta fórmula do “orgulhosamente sós” ou do “só nós é que sabemos” está completamente ultrapassada. Quer queiram, quer não, para se criar as mesmas condições que vemos e "invejamos" nos concelhos à nossa volta, vai ser necessário chamar todos os interessados ao governo da nossa terra. Deixar de lado as desconfianças, os emblemas, as cores, as divisões, e unir esforços num autêntico desígnio. A responsabilidade é de todos. Todos poderão e deverão dar o seu contributo. Sem receios.
Vitor Cabral